“Estamos entregando nossa privacidade de uma forma excessivamente frívola e alegre”
O especialista em inteligência artificial Ramón López de Mántaras apoia a proibição do uso de sistemas de reconhecimento facial, como ocorreu em São Francisco.
por Gustavo Cardoso
Imagine viver em um mundo onde sua vida pessoal é exposta. Esse é o cenário apresentado pelo diretor do Instituto de Pesquisa de Inteligência Artificial do Centro Superior de Pesquisas Científicas da Espanha, Ramón López de Mántaras (Sant Vicenç de Castellet, 1952), com a chegada do 5G e a incorporação de um grande número de dispositivos inteligentes nas residências. Exemplo disso é o reconhecimento facial, muitas vezes utilizado sem conhecimento do indivíduo.
Um homem levou à Justiça a polícia de Gales, no Reino Unido, por registrar uma imagem de seu rosto com um sistema de reconhecimento facial automático enquanto fazia compras natalinas, segundo a BBC. Segundo especialistas, o reconhecimento facial tem certas limitações em que "80% a 90% são falsos positivos". E em alguns casos, o sistema detecta que seu rosto corresponde, com uma similaridade bastante alta, a alguém que está em uma lista de possíveis suspeitos. Em 2018, o reconhecimento facial da Amazon confundiu 28 congressistas com suspeitos procurados da polícia.
Não é apenas a Amazon que utiliza métodos de sistemas para saber o que o usuário faz; muitas empresas também utilizam esses artifícios para saber as necessidades e as preferências do indivíduo, como por exemplo Facebook, Google, Apple, dentre outras. Elas utilizam esses sistemas que roubam informações pessoais para vender a anunciantes e outros que paguem mais.
Apesar dessas polêmicas, para Mántaras, é preciso aguardar as melhorias do reconhecimento facial. Segundo ele, daqui a alguns anos o sistema funcionará de maneira satisfatória, evitando falhas e enganos.
Este artigo foi baseado no artigo de ISABEL RUBIO, publicado por El País, 18-06-2019.